Benjamin Franklin Ramiz Galvão (1846, Rio Pardo, RS – 1938, Rio de Janeiro) foi médico, professor e filólogo. O insigne humanista escreveu o valioso Vocabulário Etimológico, Ortográfico e Prosódico das Palavras Portuguesas derivadas da língua grega, editado em 1909 pela Livraria Francisco Alves, do Rio de Janeiro, e republicado em 1994 pela Livraria Garnier, dessa feita com preâmbulo de Paulo Brossard de Souza Pinto. O notável helenista averbou do adjetivo parnasiano esta concepção:
diz-se do poeta, que procura antes de tudo a delicadeza e a perfeição da forma do verso // De IIαρνασòς Parnaso + suf. ano.
Da França chegara ao Brasil a nova tendência. Acolá, e aqui também, Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Sully Prudhomme e José Maria de Heredia, entre outros corifeus dela, eram mitificados. A respeito de S. Prudhomme merece anotada a observação de Antonio Soares Amora no sentido de que ele e Verlaine
iniciaram sua carreira literária na Escola Parnasiana; mas a concepção poética dos parnasianos, seu espírito positivista, sua preocupação da técnica rigorosa, da “impassibilidade”, não condiziam com o temperamento desses poetas; e Sully Prudhomme buscou uma direção poética diversa, talvez mesmo antitética…
(Teoria da Literatura, São Paulo: Editora Clássica-Científica, 5ª Ed., 1964)
Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac compõem a tríade coroada do parnasianismo brasileiro. Anderson Braga Horta, premiado poeta brasileiro, também exerce a crítica literária; e nessa área igualmente é senhor do seu mister. Em O Parnaso Revisitado, parte de Sob o Signo da Poesia (Brasília: Thesaurus, 2003), ao dizer de Introdução à Estética Parnasiana, de Danilo Lobo et alii, ressaltou
a demonstração do relativismo das oposições que, não raro dogmaticamente, vemos estabelecer entre estilos de época
(Classicismo x Barroco, Romantismo x Realismo ou Parnasianismo).
Recentemente a Thesaurus publicou de Pedro Salina – fulgente vate da Geração de 27 da Espanha – A voz a ti devida, edição bilíngüe, com a excelente tradução de José Jeronymo Rivera. O belo poema nessa edição bilíngüe está precedido de estudo efetuado por José Antonio Pérez-Montoro, também objeto da ação do mesmo trasladador.
Antonio Mariano Alberto de Oliveira presentou-se na Revista Americana, o periódico dirigido por A. G. de Araujo Jorge, que lhe publicou o soneto Crescente de Agosto (v. XIV, outubro – 1916).
Em Saquarema, RJ, nascera o Poeta, no ano de 1857; seu falecimento ocorreria em 1937, na cidade de Niterói. Estreara-se com Canções Românticas (1878).
Dele adviriam ainda Meridionais, Sonetos e Poemas, Versos e Rimas, Poesias Completas (4 séries), afora outras publicações. Ademais, foi o fundador da Cadeira 8, de que patrono Cláudio Manuel da Costa, da ABL.
Em 1944 a Academia Brasileira de Letras imprimiu, em louvação do autor de Vaso Grego, o livro Póstuma, com apresentação de Aloysio de Castro. A primeira peça do tomo é um texto em prosa, de 1929, – Começo de Vida – em que o aedo narra a boa e forte influência recebida do irmão José Mariano em sua formação literária. O intérprete da Instituição assim concluiu seu escrito:
Publicando este volume por homenagem, a Academia evoca Alberto de Oliveira, que distanciado da morte deixou vida na saudade. Todos aqui o tínhamos por Mestre e o vimos, como no voto de Horacio, tocar as estrelas com a fronte.
Ainda no século que passou, na década de setenta, o comerciante de livros Carlos Ribeiro entregou a Nilo Aparecida Pinto – da Academia Mineira de Letras e que seria sucedido na Cadeira 34, sob égide de Thomaz Antonio Gonzaga, da Casa de Alphonsus de Guimarães, por Juscelino Kubitschek – o encargo de organizar o livro Lírica, de Alberto de Oliveira. Fez-lhe o proêmio Xavier Placer, advertindo que na seleção de poemas o leitor teria o poeta
em sua marca peculiaríssima de genuíno romântico – entendida a palavra fora de conotações de Escola – e surpreendido em seus melhores momentos. […] Decerto, em todos estes poemas depara-se alto requinte de forma. Que não basta, entretanto, para classificá-lo parnasiano. […] Tem você, pois, aqui, um A. de O. diferente, exatamente o que resistiu e chegou até nós no que apresenta de perene.
Já agora entrego ao leitor amigo os quatorze dodecassílabos albertianos de
CRESCENTE DE AGOSTO
Alteia-se no azul aos poucos o crescente;
O ar embalsama, os cirros leva, o escuro afasta;
Vasto, de extremo a extremo, enche a alameda vasta
E emborca a urna de luz nas águas da corrente.
Na escumilha da teia, onde a aranha indolente
Dorme, feita de luz, uma pérola engasta
Faz aos lírios mais branca a flor cheirosa e casta
Mais brancos os jasmins e murta redolente.
Faz chorar um violão lá não sei onde… A ouvi-lo,
Na calada da noite um não sei quê me invade!
Faz que haja em tudo um como espasmo doce e enlevo…
Faz as cousas rezar ao seu clarão tranqüilo,
Faz nascer dentro em mim uma grande saudade,
Faz nascer da saudade estes versos que escrevo.
Fontes de Alencar